Hamilton revela que sofreu agressão física racista na infância
Heptacampeão hoje é voz proeminente na promoção da diversidade dentro da F1; piloto contou, ainda, que escondeu agressão física da família aos 11 anos por receio
Crescer em um país cuja população negra não chega a 4% – caso da Inglaterra – fez o heptacampeão da F1 Lewis Hamilton vivenciar experiências agressivas devido à cor de sua pele desde a infância. Além do bullying que já relatou ter sofrido e o desprezo nas escolas pelas quais passou, o piloto da Mercedes revelou que já foi alvo de agressão física durante a infância.
– Eu não falei sobre isso com minha mãe, ela não entenderia. E eu provavelmente estava com muito medo de contar ao meu pai, porque eu não queria que ele pensasse que eu era uma covarde. Você sabe, eu não queria que ele pensasse que eu não poderia me defender. Eu só me lembro de muitas vezes estar sozinho, apenas chorando no meu quarto – revela o britânico.
O caso ocorreu entre 1996 e 1997, quando Hamilton tinha cerca de 11 anos e morava na cidade britânica de Newcastle com o pai, Anthony, e a madrasta, Linda.
Ele caminhava pela rua “cantando” e “pensando em bolos de chocolate”, conta o redator Chris Heath, que entrevistou o heptacampeão, quando foi abordado por um pai e um filho. Lewis foi derrubado no chão e chutado. Os agressores ainda repetiram, diversas vezes, que Hamilton devia “voltar para seu país”.
– Lembro-me de como era assustador. Eu realmente, realmente não conseguia entender. Era como, “Eles estão falando comigo? Eu sou daqui. O que eles querem dizer?”. Eu nunca poderia entender isso. Quando você está sendo atacado, há esse medo – há medo e também raiva, porque você quer se vingar pela dor que estão causando a você – conta o piloto da Mercedes.
Mais de duas décadas se passaram e hoje Hamilton é o maior campeão da F1 da história, empatado em sete títulos com Michael Schumacher. E além de dedicar-se nas pistas em sua 16ª temporada na categoria, ele vem se engajando incansavelmente desde 2020 em iniciativas antirracistas no esporte.
– Há muitos sentimentos que eu reprimi na época que eu nem percebi que reprimia, emoções e sentimentos que eu tinha quando era mais jovem, e tudo veio à tona. Havia muitas palavras que começam com “N” por aí, até hoje – completou, lembrando de ofensas em suas viagens para competir no kart e na base da F1 ao longo da adolescência.
Apesar de seu status como um grande esportista e ativista, o racismo não deixou de assombrar Hamilton, primeiro e hoje único piloto negro no grid da F1, aos 37 anos de idade.
Em julho, o piloto sofreu com a repercussão de um vídeo do tricampeão brasileiro Nelson Piquet, no qual o ex-piloto o chama de “neguinho” e profere ofensas de cunho homofóbico. Piquet é alvo de ações públicas pelas falas.