Permanência de Paiva é colocada em questão após desempenhos ruins

Três meses e 10 dias. É o tempo exato desde que o português Renato Paiva foi anunciado como o primeiro treinador do Bahia depois da chegada do Grupo City. Precedido de muita expectativa, já é possível dizer que ele saiu da desconfiança inicial para uma forte rejeição por parte da torcida, passando por um inegável estágio intermediário de encantamento, provocado pelo profundo conhecimento esportivo demonstrado em seguidas entrevistas coletivas.

E também por breve lampejos de bom futebol. Atualmente, a bronca tem pesado mais na balança da torcida.

Em geral, o Tricolor está longe de empolgar ou gerar confiança. Das três competições já iniciadas no ano, o Bahia sofreu a primeira eliminação, na Copa do Nordeste, depois do empate na última terça-feira, em Teresina, contra o Fluminense do Piauí.

Na Copa do Brasil, já passou por duas fases. Eliminou o Jacuipense, jogando bem, e o Camboriú, jogando mal. No Baiano, o time terminou a primeira fase com a melhor campanha geral. Na primeira partida da semifinal, contra o Itabuna, foi derrotado, por 1 a 0. Precisa reverter a situação no jogo de volta, sábado, na Fonte Nova, para ir à final.

Desde que Paiva chegou, o Bahia já disputou 19 partidas. Em duas delas, pelo Baiano, o português ficou de fora. A equipe formada por jogadores do sub-20 foi comandada pelo treinador da categoria, Rogério Ferreira. Venceu uma e perdeu a outra. Nas outras 17, foram nove triunfos, três empates e cinco derrotas. O aproveitamento é de 58,8% dos pontos, ganhando 30 de 51.

E as críticas não estão restritas aos resultados, mas também ao desempenho. Sobre a falta de evolução, uma justificativa soa como um mantra nas coletivas do treinador. A falta de tempo e de condições físicas para treinar a equipe.

“É um elenco novo. Temos 19 jogos feitos em dois meses. Dezenove jogos é uma volta inteira no Campeonato Português, que se faz em seis meses. Começamos bem nos primeiros jogos, mas fomos perdendo referência a partir do momento que fomos avançando, treinando menos”, disse Paiva.

“Desde o jogo com o Jacuipense, não tivemos tempo para trabalhar. Três jogos e três treinos, um em cada jogo. Só treino e viagem. Humanamente impossível para quem tem um elenco com praticamente 15 jogadores novos, equipe técnica nova e que não faz milagres, futebol não há milagres, há trabalho”, disse o treinador, após o empate com o Fluminense do Piauí.

Mudança constante

Uma das críticas recorrentes ao treinador tem a ver com a intensa modificação na escalação. Para se ter uma ideia, o site oficial do clube lista 33 jogadores como integrantes do elenco profissional, e apenas quatro deles não iniciaram pelo menos uma partida com a equipe principal em 2023.

Os goleiros Tiago Gomes e Danilo Fernandes, que ainda está lesionado, além do volante Lucas Araújo, do meia Kennedy e do atacante Everton.

Os outros 28 jogadores do elenco principal já iniciaram pelo menos um jogo. Além de Caio Vidal, que já deixou o clube. Seja por desfalques ou por opções do treinador, já são 17 combinações diferentes de escalação. Nenhuma repetida.

“Desde o jogo do Jacuipense, da Copa do Brasil, até agora, jogou praticamente o mesmo onze. Foi quase sempre a mesma zaga, só rodamos o nove e os laterais, e mantivemos o resto, a base. De fato, este acumulado de quatro jogos, hoje era o limite”, falou, explicando os riscos de repetir a equipe.

”Se colocasse a mesma equipe, correria riscos de lesão, de decisões erradas por cansaço mental dos jogadores. Apresentei um onze mais fresco mentalmente, foi uma questão meramente física”, justificou o treinador.

É consenso no futebol a necessidade de tempo para que um trabalho novo surta resultados mais consistentes, mas a realidade é que o time não tem apresentado organização, nem esboço de evolução.

“Se dissesse que pegou uma equipe feita, e que vamos conseguir impor nossas ideias, e até aproveitar ideias que já estavam, e chegando quatro ou cinco jogadores, tudo bem. Mas não dá para aproveitar ideias que já estavam porque ficaram apenas quatro ou cinco jogadores da época passada. Parece desculpa, mas não dá para seguir com padrão”, disse o português.

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